BPN. Nem com fundos públicos de 400 milhões houve propostasA disponibilidade do Estado para aumentar o capital do Banco Português de Negócios (BPN) em 400 milhões de euros no quadro da privatização do banco já estava prevista no caderno de encargos da operação que foi disponibilizado em Setembro aos interessados, confirmou o i.
Isto significa que os 400 milhões de euros "oferecidos" pelo Estado, e noticiados ontem pelo Jornal de Negócios, não foram suficientes para convencer os candidatos a apresentarem propostas no prazo inicial da primeira fase que terminou a 30 de Setembro. Perante a ausência de ofertas, o governo foi obrigado a esticar o calendário até final de Novembro.
"Estes 400 milhões já estavam no caderno de encargos. Não faz diferença nenhuma", disse ao i Luís Mira Amaral, presidente do BIC Portugal, que esteve envolvido na análise do negócio pelo banco angolano. "A ideia do governo é que este tempo a mais serve para analisar melhor as condições de privatização do banco. Mas não precisamos de mais tempo. O governo não flexibilizou as condições e, com estas, não vamos lá."
O principal obstáculo parece ser o modelo de venda, o que ficou de fora e o que foi incluído, e a opção de vender o BPN e não por activos.
Apesar de ser um dado conhecido pelos interessados, a injecção de fundos do Estado não foi divulgada pelo governo quando anunciou as condições de privatização do BPN. O governo sempre se recusou a quantificar o impacto da nacionalização do banco nas contas do Estado, dizendo que ainda não era possível fazer esse balanço.
Ainda este sábado, na conferência de imprensa de apresentação da proposta do Orçamento para 2011, o ministro das Finanças voltou a ser confrontado com a questão. Teixeira dos Santos garantiu na altura que nem o BPN nem o Banco Privado Português teriam impacto significativo no OE.
Mas se a venda do BPN avançar nos termos previstos, haverá um aumento de capital financiado com fundos públicos, possibilidade prevista na proposta de OE que reserva mil milhões de euros para a eventualidade.
Privatizações financiam Estas operações não têm impacto directo nas contas do défice. Mas o governo terá de recorrer às receitas das privatizações para financiar um aumento de capital no BPN que será superior ao encaixe mínimo previsto com a venda: 180 milhões de euros. O saldo negativo para o Estado, neste cenário, será de 220 milhões de euros, reconheceu ontem o ministro das Finanças.
E como o destino prioritário destas receitas é a redução da dívida pública, qualquer dotação ao banco nacionalizado reduz a capacidade do Estado para financiar outras empresas públicas ou abater à dívida pública. E quanto menos se travar a dívida, mais juros terá o Estado que pagar, e esses saem do Orçamento do Estado e contam para o défice.
O aumento de capital no BPN é essencial para repor os capitais próprios e garantir que o banco cumpre os rácios exigidos pelo Banco de Portugal. O BPN parte de uma situação líquida negativa de dois mil milhões de euros. Ao retirar os activos com imparidades (perdas), é possível anular as provisões constituídas para reconhecer esses prejuízos da ordem dos 1.800 milhões de euros. Mas ainda é preciso uma injecção de 400 milhões para garantir que o BPN fica com uma situação líquida positiva.
http://www.ionline.pt/conteudo/84600-bp ... -propostas-------------------------------------------
4600 milhões
já foram. Agora mais 400 milhões prometidos e nem assim nos conseguimos livrar desta merda.
Há um tempo falou-se aqui no RSI; aquilo que já largámos e vamos largar no BPN dava para pagar 10 anos de RSI, sem cortes.