nikA wrote:
Indirectamente mexes tanto nisso tudo, como um empresário dono d1 snack-bar.
Tu falas como se só existissem PT's e afins, esqueces-te dos 99,7% das empresas que constituem o tecido empresarial e que não mexem assim com tanta coisa.
Continuando, eu não defendi que temos de ser mal pagos para sermos competitivos.
Apenas ironizei a situação.
Esse ódio visceral contra os empresários é algo que eu não consigo compreender.
Os empresários são os primeiros a sofrer com os seus erros.
Se tiverem uma má gestão o negócio deles vai fechar. Os seus empregados que perdem o emprego, recebem subsídio de desemprego, já o próprio empresário, não.
Os empresários movem-se única e exclusivamente pelo lucro e é assim que deve ser.
Não têm nem devem ser culpabilizados por procurarem a melhor forma de o obter (desde que seja dentro da legalidade, claro).
Nós não nos gabamos tanto de ter cá as Auto-Europas da vida?
Esses empresários porcos que abandonaram o seu país e foram produzir num local onde conseguiam mais lucro e estão a destruir a economia...
Se o estado conseguisse criar condições que atraíssem mais "Auto-Europas", certamente os nossos empresários não iriam procurar soluções lá fora.
Tudo bem, assumimos que sim, indirectamente mexo. Porém, pondo a questão ao contrário, se em Portugal não me consideram "competitivo" ou um recurso atraente, aqui não têm problema algum em me oferecer o triplo e algumas vezes o quadruplo do que ganharia em Portugal, mesmo que ajustando para o nivel de vida, estarei a ganhar bem mais.
Aqui é que está o busilis da questão!
A ironizar a questão disseste o que muitos empresários dizem e fazem. Acham que não somos competitivos porque para eles é nivelar por baixo. Já lá fora, não tão longe quanto isso, não há esse problema. Pensam sempre um bocado fora da caixa.
Ao que tu chamas ódio visceral, para mim é a resposta natural a uma situação do dia a dia. Se os empresários, para vocês, são um bocado mais imunes à critica, e isso nota-se com a vossa retórica, então não devem ter problema absolutamente algum em pagar os subsidios de desemprego. Acho que até fazem uma festa e até pedes por mais.
Eu sei que a piada é má, mas lembrem-se que não há um sem o outro. E pagamos todos os dias os paraquedas dourados aos banqueiros, ou aos senhores das "startups" e dinheiro esse nunca mais vemos de volta, seja em multas ou em postos de trabalho.
A auto-europa é um caso interessante. Em primeiro lugar mostra que a história dos baixos salários para ser competitivos é treta. Em segundo lugar mostra exactamente a critica que tenho para com a gestão portuguesa na sua maioria.
Quando há uma gestão baseada na comunicação entre trabalhadores e patronato, funciona bem.
Em portugal querem todos ser patrões. Quase ninguem o sabe.
E a conversa começou com "Já só falta um acerca da deslocalização a criar trabalhos".
Todos sabemos que é mentira. Quanto mais depressa admitirmos todos isso, mais depressa cai o mito que tem nos custado caro, de uma maneira muito literal.
Numa achega, deviamos ter mais sentido critico com o que nos rodeia e um sentimento de fazer mais por Portugal, sem que um se sobreponha ao outro.