warding wrote:
Porque é que o pessoal que defende as praxes ainda não conseguiu explicar o que é que as praxes trazem de bom que não seria possível sem hierarquias, sem as instituições de praxes, sem veteranos ou duxes, sem uma suposta cultura de obediência dos caloiros?
Os argumentos pró-praxe:
"Quem critica as praxes não as conhece" - isto é claramente mentira na generalidade dos casos e em particular no meu.
"Eu diverti-me" - Eu não. Se concordamos que o objectivo é fazer com que os caloiros se divirtam, para que servem todas as instituições de praxe? Porque é que não se fazem só festas e team-buildings?
"Um caso não é representativo da generalidade das praxes" - Ninguém está a argumentar que todos os caloiros morrem nas ondas do Meco. Um dos argumentos é que se não houvesse a instituição das praxes, estas casos não aconteceriam. Mas não é o centro das criticas, mesmo se não houvessem casos de mortes/violações, as praxes continuam a ser uma instituição inútil na melhor das hipóteses.
Em que raio de circunstâncias da tua vida é que irias alguma vez fazer o que fazes nas praxes fora delas? Todas as brincadeiras, todo o convívio que os caloiros vivem entre eles e com os veteranos, que ajudam a estabelecer imediatamente relações com alguém e a formar uma estrutura de apoio? Não sei que praxes andaste a viver, mas no meu curso são 200 caloiros por ano. As praxes ajudam toda a gente a integrar-se duma maneira que aqui seria bem mais difícil quando não há turmas pequenas nem um circulo mais pequeno de gente com que te vais dando como na maior parte dos cursos. São pessoas que num dia são estranhos, e ao final desse mesmo dia já andam a falar entre si e a conviver mais abertamente quando toda a gente passou por brincadeiras parvas num ambiente seguro em que não se é gozado por usar orelhas de burro, porque toda a gente as usou, ou fez o <whatever> que expõe logo as pessoas todas ao ridículo duma maneira saudável. Estão todos em pé de igualdade, e principalmente para os caloiros mais tímidos é uma grande ajuda pois passados os momentos iniciais toda a gente é amigável e toda a gente tem algum contacto forçado. Tás a ver aquele ambiente entre amigos, em que há o 'à vontade' pra se falar e fazer de tudo à frente deles? É a coisa que uma praxe mais impõe até um certo limite. E no que toca a relação caloiros-trajados, eles sempre serviram de suporte. Desde apontamentos e eperiência pessoal sobre o que for relativamente à faculdade e na vida pessoal, já que é esse o papel de padrinhos e madrinhas também, até criar amizades e introduzir recém chegados à faculdade e às pessoas com que vão passar os próximos anos, muitas vezes vindo do cu de judas sem qualquer apoio na cidade onde estão. Além de tudo isso, a hierarquia da praxe obriga-te a isso mesmo, respeitar uma hierarquia. Além de ser obviamente necessária para a sua organização, a mentalidade que se tenta passar é que na faculdade são todos iguais e isso passa por começares de baixo e respeitares quem está acima de ti, que não é o bicho feio de abuso estilo nazis que se faz passar. Se ocorrer, não é da responsabilidade da praxe em si mas da responsabilidade pessoal do trajado que fez meda no decorrer da sua actividade. Guess what, esse gajo é depois fodido pelo resto da malta. Já vi pessoal trajado a encher por terem feito o que não deviam, como já enchi eu várias vezes juntamente com todos os outros porque colectivamente se fez algo que não devia, e nem estou a falar de humilhação aqui. Tal e qual como já doutores e caloiros juntamente participaram todos na mesma actividade, seja encher, seja qualquer coisa idiota por vários motivos, bons e maus. E isto é uma coisa imposta propositadamente, não porque é divertido gozar com caloiros mas para o bem de toda a gente que está no curso. Se chegam cá putos com a mania que são algo seja por serem bullies, ou por limparem o cu a notas de 500€, levam um reality check e têm ali uma oportunidade de mudar logo um pouco a mentalidade, da mesma maneira que muita gente sente quando passa do básico para o secundário. E a praxe é a junção de tudo isto, tem o seu propósito benéfico e tem a sua maneira de ser que não é má.
Explica-me como raio é que isso é mau ou desnecessário, e como poderás criar o mesmo ambiente social e de conforto fora duma praxe. A sério toda esta discussão é tão inútil que até doi... Um pouco de bom senso é o suficiente para impedir que este tema seja discutido porque o que aconteceu na lusófona não se aplica no geral, ponto. E se o teu problema como o de muita gente é a simples existência da praxe quando não concordam com isso, pá informem-se do que é uma praxe. Se tu passaste por uma má experiência, então lamento, mas tiveste azar. Se és o tipo de pessoa que não se enquadraria numa praxe seja ela como for porque te obriga a tares num papel de submisso (e eu uso esse termo duma maneira muito livre) então tens a opção de não meter lá os pés. Espero que estejas preparados pra engolir sapos numa vida profissional, principalmente. Agora com toda esta conversa de se abolir as praxes e afins, já se começa a tratar de negar os direitos dos outros porque tu não gostas daquilo. Tenham juízo e bom senso. Sinceramente não me parece que esta conversa vá evoluir porque simplesmente recusas-te a ver outro ponto de vista que não o teu.